Secretaria Municipal da Saúde
Adelaide conta como venceu as barreiras da baixa visão para trabalhar na regulação da UBS Jd. Mitsutani

Adelaide Cascais dos Santos tem 55 anos de idade, nasceu em Vitória da Conquista (BA) e veio para São Paulo com 3 anos de idade. A deficiência visual por albinismo ocular, desde bebê, só foi diagnosticada quando completou 33 anos. Essa condição traz várias limitações, de perto ela consegue enxergar relativamente bem, mas à distância a dificuldade é muito maior com os 10% da visão que tem perda progressiva. Porém, com muita vontade e apoio, ela hoje trabalha na regulação da Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Mitsutani, na zona sul.
A despeito dos desafios na infância, para estudar, de “não ser ouvida pelos médicos”, ela foi alfabetizada. Mesmo usando óculos, a visão continuava limitada e isso gerava frustração, teve de repetir as séries escolares, até que desistiu aos 15 anos de idade e só voltou aos 18, quando cursou o supletivo, atualmente Educação de Jovens e Adultos (EJA).
No mercado de trabalho, as barreiras também foram muitas, principalmente porque, por muitos anos, não havia um laudo que comprovasse a deficiência. Adelaide trabalhou em casas de família, como babá e faxineira, sentia o preconceito. Depois de se casar, dedicou-se à casa e aos filhos. Porém, ao se separar, ela recomeçou, precisava trabalhar. Chegou a procurar oportunidades em frentes de trabalho da prefeitura. Mais tarde, conseguiu emprego em um banco, onde permaneceu por sete anos e, depois, em uma escola particular por cinco anos. Mas aí veio a oportunidade na área da saúde.
Em março de 2019, foi contratada pelo Einstein Hospital Israelita, que tem parceria conveniada com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), inicialmente como assistente administrativa e passou a atuar de recepcionista, na unidade em que está até hoje. Não conseguiu se adaptar bem à função. “Isso me abalou muito. Mas logo mudei de setor e passei a trabalhar no arquivo do Programa de Automonitoramento Glicêmico (Pamg), onde me senti acolhida e criei vínculos com os pacientes”, conta.
Devido ao seu desempenho no atendimento ao público, Adelaide foi realocada e passou para a área de regulação da organização, quando conheceu Regina, a supervisora e colega de unidade que sabia das limitações dela e percebeu que, se não houvesse acolhimento, talvez sua vaga fosse perdida. Regina acreditou no potencial da profissional, apoiou e ajudou para que se desenvolvesse na nova função. “Esse voto de confiança foi essencial para que eu pudesse mostrar minha capacidade. Meu computador foi adaptado às minhas necessidades, e a própria equipe foi ajustando processos para que eu pudesse desempenhar.”
Com a dedicação a superar os obstáculos e o aprendizado que recebeu da supervisora, ela logo dominou as ferramentas e foi ganhando habilidade para as atividades do setor. “Hoje consigo administrar a regulação sozinha, faço todos os serviços, pude mostrar que minha limitação não me impede de ser tão capaz quanto qualquer outra pessoa, desde que haja respeito e oportunidade”, afirma.
Q+
Adelaide tem um jeito simples e acolhedor. Gosta de passar o tempo fazendo artesanato, cuidando das plantas e cozinhando. É caseira, valoriza a tranquilidade do lar e hoje mora com o marido, Valtemir. Criou os filhos William e Daniel praticamente sozinha. “Tenho muito orgulho de ver meus filhos crescidos e do bem. Sei que o mais novo, Daniel, me usa como exemplo para criar o filho dele. Essa é minha maior conquista!”
GENTE.DOC
Nesta edição, saiba um pouco mais sobre a Adelaide:
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