Secretaria Municipal da Saúde
Terapia Comunitária Integrativa ganha força em São Paulo

Grupo de moradoras do Copan durante roda de TCI (Acervo/SMS)
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma das mais de 20 Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) oferecidas pela Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), e vem crescendo de forma expressiva na capital. Até setembro de 2025, foram realizadas 7.805 rodas de conversa em unidades de saúde espalhadas por todas as regiões da cidade, reunindo milhares de participantes em encontros regulares. Em 2024, foram 10.080 rodas.
Diferentemente dos modelos terapêuticos convencionais, a TCI adota uma abordagem horizontal, sem hierarquias entre os participantes e os profissionais de saúde. Todos têm voz e lugar de fala, construindo redes de apoio com base na solidariedade e na escuta qualificada. Essa perspectiva se alinha aos princípios da Atenção Primária à Saúde (APS), que valoriza o protagonismo dos usuários e incentiva a autonomia, o cuidado coletivo e a participação social, especialmente no envelhecimento.
Uma experiência viva no Copan
Um dos exemplos mais marcantes da aplicação da TCI acontece no icônico edifício Copan, no centro de São Paulo. Desde abril de 2023, o grupo “Melhor Idade no Copan”, formado por 56 pessoas com mais de 60 anos, realiza encontros quinzenais mediados por Edson do Nascimento Gomes, agente comunitário de saúde (ACS) da Supervisão Técnica de Saúde Sé.
Além de conduzir as rodas, Edson também pesquisou a experiência como tema de seu trabalho de conclusão de curso em Terapia Ocupacional, analisando como o cuidado em grupo pode contribuir para o empoderamento da pessoa idosa no SUS. “A maioria dos idosos que mora no Copan vive sozinha. Com a pandemia, houve isolamento social dessas pessoas, afetando a saúde mental. Com o grupo, eles passaram a se olhar, a se escutar e a se apoiar. É bonito ver vizinhos que mal se falavam agora irem juntos ao médico, ao supermercado, aos exames. A TCI criou uma rede de afeto e confiança”, afirma Edson.
As rodas seguem uma metodologia simples: após o acolhimento inicial, os participantes compartilham situações que os afetam. O grupo então se dedica coletivamente ao tema, tratando questões como solidão, saúde mental, perdas, ansiedade e inseguranças típicas do envelhecimento.
Com o tempo, o grupo passou a inspirar ações de arte e cultura, como oficinas de crochê, aulas de tango, passeios e sessões de cinema comentadas. Comerciantes locados no próprio edifício também começaram a apoiar a iniciativa: um café local, por exemplo, passou a oferecer encontros semanais para os idosos. Já a Galeria Pivô cedeu o espaço da biblioteca para abrigar as reuniões. Segundo Edson, essas atividades funcionam como ferramentas terapêuticas e de inclusão social: “Quando um idoso se sente útil, ouvido e valorizado, ele ganha força para viver melhor. O crochê, a dança, o cinema são formas eficazes de criar vínculos e afirmar que a velhice não é o fim, e sim um tempo de potência. Isso é empoderamento”, explica o ACS.
A aposentada Juversina Franzin, 72 anos, moradora do Copan, é uma das participantes mais assíduas. Ela relata como a TCI tem sido essencial para lidar com seus medos: “Já ajudei vizinhos e também recebi muito apoio do grupo. Até assuntos difíceis, como Alzheimer, são tratados com acolhimento. O grupo me trouxe segurança para enfrentar situações que, sozinha, eu não saberia como lidar.”
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